quarta-feira, 24 de julho de 2013

"Pastagem Comunitária"... seremos nós?





Partilho convosco um texto de Rolf Dobelli, do seu livro – que aconselho – “A Arte de pensar com Clareza”.
É de ler com cuidado...


“ A TRAGÉDIA DA PASTAGEM COMUNITÁRIA
Porque é que as pessoas sensatas não apelam ao bom senso

Imagine um terreno fértil que está à disposição de todos os agricultores de uma povoação. É de esperar que cada agricultor leve para esse prado o maior numero possível de vacas. Dá resultado desde que o terreno não seja cultivado ou não haja alguma doença que afecte o gado e desde que o numero de vacas não aumente para que o pasto não se esgote. Mas se não for o caso, a boa ideia da pastagem comunitária transforma-se numa tragédia. Sendo pessoas racionais, os agricultores tentam todos maximizar os seus ganhos. E interrogam-se: “ Que ganho eu com o envio de mais uma vaca para a pastagem comunitária?”. Para cada agricultor, há o beneficio adicional de cada vaca que podem vender, ou seja, +1. Mas a desvantagem dessa vaca adicional afecta todos. Individualmente, cada agricultor perde uma fracção -1. Na sua perspectiva, é racional levar essa vaca adicional para a pastagem. E mais outra.  E ainda mais outra. Até a pastagem comunitária deixar de ter comida para todas as vacas.
A “tragédia da pastagem comunitária” é – no verdadeiro sentido da palavra – um lugar-comum. O erro maior  consiste em esperar que o problema se consiga resolver por meio da educação, do esclarecimento, das campanhas informativas, dos apelos à “consciência social”, das bulas papais ou das prédicas das estrelas Pop de todo o mundo. Porque não se consegue.
Quem quiser, realmente, resolver o problema da pastagem comunitária, só dispõe de duas opções: a privatização ou a sua gestão.  Muito concretamente: ou se põe  essa fértil extensão de terreno em mãos privadas  ou se lhe regula o acesso. Tudo o resto, segundo o biólogo americano Garrett Hardin, conduzirá à ruina. A gestão pode significar, por exemplo, que um Estado defina regras para  a sua utilização: talvez taxas de utilização, talvez limitações temporais, talvez o estabelecimento de prioridades segundo a cor dos olhos ( do agricultor ou da vaca).
A privatização é a solução mais simples mas também se pode defender a gestão do terreno. Mas porque é que essas duas hipóteses parecem ser tão problemáticas? Porque é que nos deixamos tolher pela ideia do terreno comum? Porque a evolução não nos preparou para este dilema social. E por dois motivos. O primeiro é o facto de, durante quase toda a História da Humanidade, termos tido recursos ilimitados à nossa disposição. E o segundo é o facto de, até há dez mil anos, termos vivido em pequenos grupos de cerca de cinquenta pessoas, onde toda a gente conhecia toda a gente. Quem se aproveitasse da comunidade para seu próprio proveito, veria o seu acto registado e seria objecto de vingança e do pior dos castigos: a condenação publica. Nos grupos pequenos, a sanção por meio da vergonha ainda hoje se pratica: numa festa, e mesmo que não haja nenhum policia a ver, eu faço por não saquear o frigorifico dos meus amigos. No entanto, numa sociedade baseada no anonimato, a vergonha já não serve para isso.
Em tudo aquilo em que a utilização é do individuo mãos os custos são da comunidade encontra-se a tragédia da pastagem comunitária: as emissões de CO2, a desflorestação, a contaminação da água, a irrigação descontrolada, a utilização excessiva das frequências de rádio, as instalações sanitárias a céu aberto, o lixo espacial, os bancos que são too big  to fail.
Isto não quer dizer que um comportamento movido por motivos pessoais seja absolutamente imoral. O agricultor que leva mais uma vaca para a pastagem comunitária não é uma abominação. Esta tragédia é apenas um efeito que se faz sentir quando a dimensão dos grupos humanos chega aos cerca de cem elementos e põe em causa a capacidade de regeneração do sistema. Não é necessário ser-se especialmente inteligente para reconhecer que iremos ser cada vez mais confrontados com este dilema.
Aliás, a tragédia da pastagem comunitária é o oposto da “mão invisível” de Adam Smith. Em certas situações, a mão invisível do mercado não conduz ao óptimo. Antes pelo contrário.
E isso é natural: há pessoas que se preocupam com o efeito que pode ter aquilo que fazem na Humanidade e no ecossistema. Mas todas as politicas que se baseiam apenas nessa responsabilidade individual são ingénuas. Não podemos contar com o sentido ético das pessoas. Como disse Upton Sinclair  de modo tão clrao: “É difícil fazer compreender alguma coisa a uma pessoa cujos rendimentos provêm do facto de não compreender essa coisa.”
Em resumo, só temos duas soluções: a privatização ou a gestão. Aquilo que não pode ser privatizado – a camada de ozono, os oceanos e as orbitas dos satélites – tem de ser gerido.”



segunda-feira, 8 de julho de 2013

A Liberdade.




Acabei de ler um texto de Emmanuel Jal.  Ele é um sudanês do novo país, Sul do Sudão. Músico, foi um dia uma criança-soldado. Gostava de transcrever aqui uns pequenos excertos do seu texto, a considerar:
“As únicas vezes que eu a vi a sorrir e ficar feliz era depois de cantar uma canção. Sempre que algum amigo morria, ela chorava. Através dela, podíamos talvez adivinhar o que se estava a passar. Uma criança só tem medo quando o sente através doa pais. Mas se estes não mostram medo, as crianças vivem nessa grande sabedoria que é a felicidade. (...)
Algumas vezes, o meu desejo era não sobreviver. Aconteceu quando estive num barco com 300 crianças e apenas 50 sobreviveram. Depois de sobrevivermos a esse naufrágio, caminhámos sem parar durante dias, já na Etiópia, e muitos de nós morreram de fome. Algumas crianças foram comidas por crocodilos. Procurar uma explicação para cada um destes episódios é encontrar novas perguntas para as quais eu não tinha respostas: porque tive de sobreviver a isto? Porquê eu? (...)
A arma deu-me segurança. Eu tinha duas: uma minha e outra do meu amigo que morreu. Não diria que a arma me salvou. O que me salvou foi a música.
A primeira batalha é conquistar a liberdade dentro de nós mesmos. Só assim se pode tirar prazer da vida como ela é: com pouco, mais ou menos. O perdão é uma constante batalha. É elevarmos o nosso ser a um nível superior.”

“Que haja justiça para todos.
Que haja paz para todos.
Que haja trabalho, pão, água e sal para todos.
Que cada um saiba que é livre de se realizar em corpo, mente e alma.
Nunca, nunca, nunca mais volte esta bela terra
A viver a opressão do homem pelo homem
E a sofrer a indignidade de ser
A escória do mundo.
Deixemos a liberdade vencer.”

Excerto retirado do discurso de tomada de posse de Nelson Mandela, proferido a 10 de Maio de 1994.


Um pedido: Não façam likes e partilhas se não pararem primeiro e refletirem sobre as poucas palavras que aqui estão. Não digam aos outros que o fizeram, digam-no a vocês mesmos. Não se pode ser livre e saber-se que no “quintal” do nosso mundo alguém é apenas o lixo do mundo. Não se pode pensar que se defende isto ou aquilo e continuar a cruzar os braços, só porque se pensa que dizer é fazer. Não se pode ser critico e deixar-se no destrutivo. Não façam deste texto mais uma cruzada para a vossa imagem. Emmanuel e outros que passaram o que ele passou, não precisam da vossa piedade, precisam que todos aprendamos que o mundo pode ser melhor, mas para isso, é preciso olhar para nós próprios.
Deixem de ser “carneiros” do rebanho e passem a pensar por vós. Descubram a vossa consciência, é ela que pode ajudar o próximo a descobrir-se e a evoluir como vocês. Não pesquem por ninguém,  ensinem alguém a pescar... a liberdade.
Obrigado.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Garotos de Portugal


Acabei de ler uma noticia que fala da subida em flecha dos juros da divida de Portugal, depois de sete meses a cair. Tudo por causa da crise governativa desencadeada pela demissão de Paulo Portas e da não demissão de Pedro Passos Coelho.
Em que país estamos? Em Portugal, claro.
São muitos aqueles que hoje se regozijam quer da eventual, e mais que certa, queda deste governo, quer do sucesso dos seus vaticínios mais eloquentes que foram fazendo, desde que este governo tomou posse.
Vivo... Ressalva: vou apenas usar o termo singular, porque estou farto de falar por mais alguém, sim, virei egoísta, presunçoso e mais tudo o que se possa imaginar...
Recuperando, vivo num pais de garotos mimados, mal educados, falaciosos e utopicamente estúpidos de pensarem que vivem numa Democracia.
Por um lado, temos um governo que nunca quis fazer o que é preciso ser feito, Reformar esta nojeira toda de País drogado por direitos institucionalizados e nacionalizados, e sem deveres. Optou pela via mais fácil, carregar como se não houvesse amanha na carga fiscal. Não que fosse necessário, as receitas eram precisas para equilibrar as contas publicas, mas nunca chegar ao ponto que atingimos, porque as despesas, ao contrario do que devia ter sido feito, nunca foram o alvo concreto. Mas fala-se de Gaspar, para mim o mais honesto no meio disto tudo. Ele apenas fez o que o acordo com a Troika, que não foi negociado por ele, o estabelecia. Ele nunca foi um político, nem lhe competia esse papel. Independente, tecnicamente competente e responsável, porque soube reconhecer os erros. Mas não teve mais paciência para isto tudo. E mesmo o episódio da chuva, a meu ver, foi mais um acto irónico do que uma ideia pensada, porque de facto vivemos num país em que nada serve para explicar, mas tudo serve para criticar. E claro, bate com a porta, vivendo momentos de perfeita selvajaria, a ser cuspido e confrontado com ataques à sua integridade... E ainda há quem ache isto tudo correcto...enfim...
Mas, e voltando a Paulo Portas, tenho um amigo que conta uma História hilariante sobre os problemas de Portugal estarem directamente relacionados com a família Alvares Cabral. Pedro perdeu-se porque não sabia navegar e foi parar ao Brasil, onde arranjou problemas e ficou sem alguma da frota, e depois já na Índia ajudou a destruir quase o resto da frota...Sacadura bebeu a viagem toda de avião e se não fosse Gago Coutinho, tinham ficado pelo Altlantico....e Paulo Portas. Primeiro foi a noticia de umas obras numa marquise do entao primeiro ministro, que o lançaram numa ribalta de menino pródigo em busca da verdade... A mesma que esqueceu quando comprou uns submarinos que nem para caçar peixe servem, mas para acumular divida sim... E agora o menino da mamã ficou aborrecido de não ter sido feita a vontade, e ser sua a escolha para a pasta das Finanças e vem a publico chorar que sempre foi mal tratado e já não aguenta mais... Faz-me lembrar a vez que fiz queixa à minha mãe que a minha professora de escola me tinha ralhado...só que a minha mãe educou-me ao dizer que se ela o fez é porque tinha razoes para isso, ao Portas, o povo portugues continua a achar que ele é uma vitima e dá-lhe tempo de antena e votos...até já existe uma petição para libertarem o CDS das amarras da governação, quero acreditar que é gozo apenas...
Depois temos um PPC que não se demite, mas também não assume um governo minoritário e pega no leme. Apenas se remete a querer esclarecer...o quê??? Mas isto é uma cambada de garotos...
Garotos que se juntam a todos os que, durante estes dois anos, andam por aí a dizer que este governo não é legitimo porque não esta a cumprir o que prometeu...mas então, desde o 25 de Abril, nunca tivemos um Governo legitimo...mas isso agora não vem ao caso, não é? Ó gentinha estúpida.....mais, anda por aí um senhor que se acha Senhor da Razão, dono de Portugal, chamado Soares, que ainda tem o desplante de afirmar que este Governo não tem legitimidade democrática????... Não, este Governo foi eleito pelos votos em branco, e andou a riscá-los com cruzes a seu favor...e os 13 anos de Governos socialistas que vivemos desde meados de 90, e que muito foram responsáveis para este deserto financeiro e descalabro cultural que vivemos? Esses já foram democráticos? Mais ainda, os partidos de esquerda - eu penso que só temos partidos de esquerda ou centro-esquerda em Portugal, existe quase uma proibição de se ser de direita neste país - PC e BE dizem para rasgarmos o acordo e vamos lá devolver o que nos foi tirado? Com que dinheiro? O do Estado? Mas o Estado somos todos nós, e não temos dinheiro, onde o vamos buscar? À Troika? Boa iseia, eles em vez de nos emprestarem dinheiro, dão-no e vão-se embora, depois de encherem os cofres de todos, em especial os do aparelho partidario Marxista-Leninista, etc, etc... E também andam numa demanda de abaixo este governo, porque é uma cambada de ladroes... Ladroes foram todos aqueles que fizeram esta constituição puramente ideológica e que nos amarrou por gerações e gerações a uma ideia de que tudo são direitos e nada são deveres, e em que o Estado deve ser detentor e controlador de tudo, mas não deve ser responsabilizado por nada...pior, que ninguém é responsável por nada, porque todos, como sociedade, somos responsáveis por tudo....desta teoria de responsabilidade colectiva é que temos pessoas com altos cargos de chefia dentro da administração publica, a ganharem muito bem, que não fazem nada e pior, não deixam evoluir outros na carreira, porque se o lugar esta ocupado, como é que se pode colocar lá alguém? Por uns, pagam todos, esta é das mais básicas teorias constitucionais que temos, graças à esquerda que fez o dito dia da Liberdade...
 Mas mais hilariante, são os sindicatos. Apenas procuram espaço político....o quê? Entao mas não era suposto defenderem os interesses dos trabalhadores? " Esta Greve Geral vai ser importante para aferir as duas novas lideranças das principais Confederações de Sindicatos e do seu espaço político" - palavras de comentadores ...dos sindicatos apenas tenho isto a dizer, é dos grupos cooperativos mais infantis que temos no nosso país. Não são verdadeiros, são puramente politico-partidários, segregados por interesses de aparelhos e viciados nos tais direitos institucionalizados. Eu ainda deixo uma pergunta, porque raio é que um representante sindical, apenas por ser delegado sindical, deve ter mais direitos do que alguém que trabalha no mesmo lugar com as mesmas funções, mas não é sindicalista? Discriminação.....
Tudo isto parece um recreio de escola, garotos a fazerem de conta que se preocupam com um país, a brincarem a jogos que derivam entre o populista barato e gratuito, como o de Seguro, e a infantilidade estúpida e irresponsável, como a de Portas e do resto da esquerda, apimentada pelo amadorismo e a falta de liderança gritante de Passos Coelho, que ainda mostra ser mimadinho com amuos e recuos de quem não sabe o que anda a fazer... Tudo isto com um Presidente que anda a ver os " Titanics" a passarem em Belém e a afundarem ainda mais o país... políticos e ex a comentarem de forma quase sábia tudo o que nunca tiveram a coragem de fazer, e um povo que assobia, para o lado, refugiando-se em redes sociais, com likes e posts absurdos e tendenciosos -pior, ignorantes porque muitas vezes nem sabem porque criticam, mas como carneirada que são, vão atras - divertem-se com namoros e namoricos em directo e saltos para a piscina acompanhados com lagrimas suadas de tocarem corações angustiados e sem rumo...
Havia um General Romano que de facto soube dizer o que este país é:
" Lá na Ibéria existe um povo que não se governa, nem se deixa governar."