Então hoje gostava de trazer à reflexão um espantoso texto
de Jesús
Huerta de Soto, professor de economia. Sobre o socialismo. Penso ser
bastante oportuno, visto estarmos perante alguns paradigmas de formação de um
novo governo no nosso país. E como anda tudo a defender que temos de mudar,
mudar, mudar…então vamos aos factos.
Nota. Este texto está escrito em brasileiro, pois foi retirado
de um site da Fundação E. Mises.
O texto é longo, mas vale a pena reflector sobre alguns pontos
essenciais.
“Não há nada mais prático do que uma boa teoria.
Por isso, proponho-me a explicar em termos teóricos o
que é o socialismo e por que ele não apenas é um erro intelectual, como também
é uma impossibilidade científica. Mostrarei por que ele se desmoronou — ao
menos o socialismo real — e por que o socialismo que segue existindo na forma
de intervencionismo econômico nos países ocidentais é o principal culpado pelas
tensões e conflitos de que padece o mundo atual.
Ainda estamos vivendo em um mundo essencialmente
socialista, não obstante a queda do Muro de Berlim; e continuamos tolerando os
efeitos que, segundo a teoria, são próprios da intervenção do estado sobre a
vida social.
Para definir o socialismo, é necessário antes
entendermos o conceito de "função empresarial". Os teóricos da
economia dizem que a função empresarial é uma capacidade inata do ser humano.
Não estamos nos referindo aqui ao empresário típico que leva adiante um
empreendimento. Estamos nos referindo, isso sim, à capacidade inata que todo
ser humano tem de descobrir, criar, tomar conhecimento das oportunidades de
lucro que surgem ao seu redor e atuar de modo a se aproveitar das mesmas.
Com efeito, etimologicamente, a palavra 'empresário'
evoca o descobridor, alguém que percebe algo e aproveita a oportunidade. Em
termos mais figurativos, seria a lâmpada que se acende.
A função empresarial é a mais essencial das capacidades
do ser humano. Essa capacidade de criar e de descobrir coisas é o que, por
natureza, mais nos distingue dos animais. Neste sentido geral, o ser humano,
mais do que um homo sapiens é um homo empresario.
Quem seria, portanto, um empresário? Não se trata apenas
de Henry Ford ou de Bill Gates, que sem dúvida alguma são grandes empresários
no âmbito comercial e econômico. Um empresário é toda e qualquer pessoa que
tenha uma visão criativa, uma visão revolucionária. Madre Teresa de Calcutá,
por exemplo. Sua missão era ajudar aos mais necessitados, e ela buscava fazer
isso de forma criativa, unindo voluntários e canalizando os desejos de todos
para o seu objetivo. Por isso, Teresa de Calcutá foi um exemplo paradigmático
de empresário.
Portanto, entendamos a função empresarial como sendo a
mais íntima característica de nossa natureza como seres humanos, a
característica que explica o surgimento da sociedade e o seu desenvolvimento
como uma extremamente complicada rede de interações. A sociedade é formada por
inúmeras relações de interação e troca entre indivíduos, relações estas que são
empreendidas porque, de alguma forma, imaginamos que estaremos melhor após
elas. Todas estas relações são impulsionadas por nosso espírito empresarial.
Todo ato empresarial produz uma sequência de três
etapas.
A primeira consiste na criação da informação: quando um
empresário descobre ou cria uma ideia nova; quando ele gera em sua mente uma
informação que antes não existia.
Para colocar essa descoberta em prática, ele parte para
a segunda etapa, que é quando ele combina recursos para satisfazer
necessidades. Se, de um lado, ele percebe que há um recurso barato e mal
aproveitado, e, do outro, ele descobre que há demandas que podem ser
satisfeitas com este recurso, ele irá atuar de modo a coordenar este
"desarranjo". Ele irá comprar barato o recurso, utilizá-lo,
transformá-lo, e vendê-lo a um preço maior, satisfazendo assim a demanda que
ele havia percebido.
Desta forma, a informação é transmitida a todos, o que
nos leva à terceira e última etapa, que é quando os agentes econômicos, atuando
de maneira descoordenada, observam, aprendem e descobrem que devem conservar e
economizar melhor um determinado recurso porque alguém o está demandando.
Estes são os três planos que completam a sequência:
criação de informação, transmissão de informação e, o mais importante, o efeito
de coordenação gerado pelas duas etapas anteriores.
Desde o momento em que acordamos e nos levantamos da
cama até o momento em que voltamos a dormir, disciplinamos nosso comportamento
em função das mais distintas necessidades, em função das necessidades de
pessoas que nem sequer conhecemos; e fazemos isso por iniciativa própria
porque, seguindo nosso próprio interesse empresarial, sabemos que assim saímos
ganhando. É importante entendermos tudo isso porque, em contraste, vejamos
agora o que é o socialismo.
O socialismo deve ser definido como sendo "todo e
qualquer sistema de agressão institucional e sistemática contra o livre
exercício da função empresarial". O socialismo consiste em um sistema de
intervenção que se impõe pela força, utilizando todos os meios coercitivos do
estado.
O socialismo poderá apresentar determinados objetivos
como sendo bons, mas terá de impor estes objetivos supostamente bons por meio
de intervenções coercivas que provocarão distúrbios neste processo de
cooperação social protagonizado pelos empresários. Sendo assim — e essa é sua
principal característica —, o socialismo funciona por meio da coerção. Esta
definição é muito importante porque os socialistas sempre querem ocultar sua
face coerciva, a qual é a essência mais distintiva de seu sistema.
A coerção consiste em utilizar a violência para obrigar
alguém a fazer algo. De um lado temos a coerção do criminoso de rua que assalta
um indivíduo qualquer; de outro temos a coerção do estado, que é a coerção que
caracteriza o socialismo. Quando a coerção é aleatória, não sistemática, o
mercado tem, na medida do possível, seus próprios mecanismos para definir
direitos de propriedade e defender-se da criminalidade.
Porém, se a coerção é sistemática e advém
institucionalmente de um estado que detém todos os instrumentos do poder, a
possibilidade de nos defendermos destes instrumentos e evitá-los é muito
reduzida. É neste ponto que o socialismo manifesta sua realidade em toda a sua
crueza.
O socialismo não deve ser definido unicamente em termos
de propriedade pública ou privada dos meios de produção. Isso é um arcaísmo. A
essência do socialismo é a coerção, a coerção institucional oriunda do estado,
por meio da qual se pretende que um órgão planejador se encarregue de todas as
tarefas supostamente necessárias para se coordenar toda uma sociedade.
A responsabilidade é retirada à força dos indivíduos — que são
naturalmente os únicos responsáveis por sua função empresarial, e que almejam
seus objetivos e querem alcançá-los utilizando os meios mais adequados para tal
— e repassada a um órgão planejador que, "lá de cima", pretende impor
por meio da coerção sua visão específica de mundo e seus objetivos
particulares.”
Quero salientar já um dado…A forma de coerção do socialismo é o
Estado. A força do Estado sobre as pessoas, sobre as empresas… e quero reforçar
um ideia no texto… que convém reter muito bem, e façam a reflex demorada:
“(…) se a coerção é sistemática e advém institucionalmente de um
estado que detém todos os instrumentos do poder, a possibilidade de nos
defendermos destes instrumentos e evitá-los é muito reduzida(…)”
Aqui quero deixar desde já uma nota… sera que tivemos algum
Governo verdadeiramente Liberal em Portugal? Em todos os abusos de poder do
Estado estão patentes… outro dado…o da responsabilidade que é colectiva, como o
autro refere “lá de cima”, onde ninguém tem culpas e toda a gente que está cá
em baixo, deve pagar pelas culpas deles…
Mas seguindo em frente…
“Nesta definição de socialismo, vale enfatizar que é irrelevante
se este órgão planejador foi ou não eleito democraticamente. O teorema da
impossibilidade do socialismo se mantém intacto, sem nenhuma modificação,
independentemente de ser democrática ou não a origem do órgão planejador que
quer impor à força a coordenação de toda a sociedade.
Definido o socialismo desta maneira, expliquemos então
por que ele é um erro intelectual.
O socialismo é um erro intelectual porque é impossível
que o órgão planejador encarregado de exercer a coerção para coordenar a sociedade
obtenha todas as informações de que necessita para fornecer um conteúdo
coordenador às suas ordens. Este é o grande paradoxo do socialismo, e o seu
maior problema. O planejador da economia necessita receber um fluxo
ininterrupto e crescente de informação, de conhecimento e de dados para que seu
impacto coercivo — a organização da sociedade — tenha algum êxito.
Mas é obviamente impossível uma mente ou mesmo várias
mentes obterem e processarem todas as informações que estão dispersas na
economia. As interações diárias entre milhões de indivíduos produzem uma
multiplicidade de informações que são impossíveis de serem apreendidas e
processadas por apenas um seleto grupo de seres humanos.(…)
A própria natureza do socialismo — que, como dito, se
baseia na coerção, no impacto coercivo sobre o corpo social ou a sociedade
civil — bloqueia, dificulta ou impossibilita a criação empresarial de
informação, que é precisamente aquilo de que necessita o governante para dar um
conteúdo coordenador às suas ordens.
Esta é a demonstração em termos científicos do motivo de
o socialismo ser teoricamente impossível. É impossível o órgão planejador
socialista coletar, apreender e colocar em prática todas as informações de que
necessita para imprimir um conteúdo coordenador aos seus decretos. Esta é uma
análise puramente objetiva e científica.
Não é necessário pensar que o problema do socialismo
está no fato de que "aqueles que estão no comando são maus". Nem
mesmo anjos, santos ou seres humanos genuinamente bondosos, com as melhores
intenções e com os melhores conhecimentos, poderiam organizar uma sociedade de
acordo com o esquema coercivo socialista. Ela seria convertida em um inferno,
já que, dada a natureza do ser humano, é impossível alcançar o objetivo
ou o ideal socialista.
Todas estas características do socialismo têm
consequências que podemos identificar em nossa realidade cotidiana. A primeira
é seu poder de encanto. Em nossa natureza mais íntima, sempre encontramos o
risco de ceder ao socialismo porque seu ideal nos tenta, porque o ser humano
sempre tende a se rebelar contra sua natureza. Viver em um mundo cujo futuro é
incerto é algo que nos inquieta, e a possibilidade de controlar este futuro, de
erradicar a incerteza, nos atrai.
Em seu livro A Arrogância
Fatal, Hayek diz que, na realidade, o socialismo é a
manifestação social, política e econômica do pecado original do ser humano, que
é a arrogância. O ser humano sempre teve o devaneio de querer ser Deus — isto
é, onisciente. Por isso, sempre, geração após geração, temos de estar em guarda
contra o socialismo, continuamente vigilantes, e entender o fato de que nossa
natureza é criativa, do tipo empresarial.
O socialismo não é uma simples questão de siglas,
abreviações, sindicatos ou partidos políticos em determinados contextos
históricos. O socialismo é uma ideia que está e sempre estará se infiltrando de
maneira insidiosa em famílias, comunidades, bairros, igrejas, empresas,
movimentos, partidos políticos de todas as ideologias etc. É necessário lutar
continuamente contra a tentação do estatismo porque ele representa o perigo
mais original que há dentro dos seres humanos, nossa maior tentação: crer que
somos Deus.
O socialista acredita ser genuinamente capaz de superar
o problema da impossibilidade da coleta, da apreensão e da utilização de
informações dispersas, problema esse que desacredita totalmente a essência do
sistema que ele defende. Por isso, o socialismo sempre decorre do pecado da soberba
intelectual. Por trás de todo socialista há um arrogante, um intelectual
soberbo. E isso é algo fácil de constatarmos ao nosso redor.
O socialismo não é somente um erro intelectual. É também
uma força verdadeiramente antissocial, pois sua mais íntima característica
consiste em violentar, em maior ou menor escala, a liberdade empresarial dos
seres humanos em seu sentido criativo e coordenador. E, como é exatamente isso
o que distingue os seres humanos dos outros seres vivos, o socialismo é um
sistema social antinatural, contrário a tudo o que o ser humano é e aspira a
ser.”
Noto…”na realidade, o socialismo é a manifestação
social, política e econômica do pecado original do ser humano, que é a
arrogância. O ser humano sempre teve o devaneio de querer ser Deus — isto é,
onisciente”… Sabem quem é este Deus no Socialismo? O Estado. Como um Ser
Superior que emana das suas entranhas infinitas quantias de dinheiro e poder
economico para garantir todos os devaneios do homem…
Parece que sera isto que nos espera, mais uma vez e
vezes sem conta, a tomar conta do nosso país…mas desta vez com uma diferença,
se entra o PCP e o BE, vamos ter mais socialismo à séria…agora tirem as vossas
conclusões…eu já tirei as minhas