quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Será que sabemos no que votamos?

Partilho hoje um texto muito esclarecedor sobre várias matérias em debate no nosso mundo político, e que servem para ajudar a clarificar algumas ideias errôneas que certas ideologias andam por aí a espalhar, de forma puramente demagógica. Este artigo encontra-se no Observador.

LEGISLATIVAS 2015

Na Dinamarca os eleitores sabem ao que vão

Ainda tenho a esperança que um grupo de perdedores não governe um país que pode ser de vencedores.
Na Dinamarca o primeiro ministro pertence ao terceiro partido mais votado. Rasmussen é responsável por um governo minoritário (nenhum partido conseguiu a maioria desde 1909). Na Bélgica o primeiro ministro pertence ao quinto (!) partido mais votado. E outros exemplos podiam ser dados. O problema é que, nestes países, os eleitores sabiam para o que iam. Aqui não.
Em quase 5 milhões e meio de eleitores, só 19% dos eleitores votaram num mundo que não existe – não é uma questão de políticas, é sobre perceber a realidade. 32,3%  andaram desatentos com os últimos quatro anos de oposição (onde a “maioria de bloqueio” se começou a formar) ou acreditavam numa alternativa. Quase 37%, contentes ou descontentes, decidiram manter a confiança na coligação. É por estas realidades serem tão diferentes que os eleitores não sabiam para o que iam. Não há uma esquerda, há três. Por isso, sim, é legitimo. Mas cobarde.
Vou vos dar alguns exemplos de como o mundo real é diferente desse mundo partidário (já trabalharam fora daí?). Das duas uma, ou nunca vos explicaram ou são desonestos, porque isto é evidente. Suponhamos que estão só pouco informados. Vamos por partes:
A austeridade, camaradas, não é um fim, é um meio. Não é um slogan de campanha, é um necessidade. Ora bem,  se o défice é a diferença anual entre as receitas e as despesas do estado. A austeridade (rigor em alemão) é só a diminuição das despesas e o aumento das receitas para equilibrar as contas públicas. Parece-me óbvio que os países que estão a passar por politicas de austeridade são aqueles que gastaram e gastam mais do que recebem. Não foi uma opção política. Simple as that.
A divida pública. Catarina, a divida é o acumular de défices. Ou seja, se um país recebe menos do que gasta tem de pedir emprestado. Propor o “abatimento de 60%, com juro de 1,5% e pagamento entre 2022 e 2030”, é o mesmo que dizermos aos nossos filhos para pagarem 60% da divida que tem para com o amigo da escola quando e como quiserem. E com isto esperar que o amigo volte a emprestar se for preciso. Se quer acabar com a austeridade, suponho que baixe os impostos e aumente os gastos (salários, pensões…). Mais défice, mais dívida.  E se não tivermos quem nos empreste, não temos dinheiro para comer. Difícil?
A inovação. Ah aqui temos consenso. Calma. Quero que saibam que a inovação é um séria ameaça para modelos de negócio existentes. Veja-se o exemplo dos taxistas ou os hotéis que vêm no Uber e no Airbnb o maior dos males. Continuamos juntos? Jerónimo, Uber? Airb quê? Hein?
O Investimento. António, um abraço. Olha, mais do que impostos baixos, acredito que os empresários privilegiam estabilidade nas politicas fiscais (e esse acordo sobre o IRC, bem sei que a palavra conta pouco para esses lados, mas não te estiques). Preferem pagar mais hoje e o mesmo amanhã, do que menos hoje e muito mais amanhã.
Podia ficar aqui o dia todo.
As vitórias e derrotas partidárias tendem a desviar-nos do essencial. Os partidos políticos existem para representar ideologias que defendemos. Nada mais, não são clubes de futebol. Os partidos não são um fim, são um meio. A única vitória que devia ter havido no dia 4 de Outubro era a de Portugal, mas perdeu.
Portugal será um país melhor se pagarmos as nossas dívidas, se as pensões corresponderem ao que podemos pagar hoje e amanhã. Um país onde os salários sejam aumentados conforme a capacidade das nossas empreses, onde o Estado não seja pai de ninguém, onde cada um seja responsável pelo seu destino, onde da competitividade venham as melhores ideias, onde os deputados são eleitos dentro dos partidos mas independentes (que votem ou aplaudam independentemente das cores, atentos ao conteúdo), onde os subsídios são merecidos, onde os jovens criem empresas, onde os Portugueses vão e voltam, onde a exigência seja constante, onde os melhores têm os melhores empregos, onde quem nos representa seja honesto.
Posto isto, tenho a esperança que um grupo de perdedores não governe um país que pode ser de vencedores.
Estudante na Nova School Of Business and Economics

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Carta ao senhor Costa

Carta ao senhor Costa.

Sr. Costa,
Hoje dirijo-me a si, nestas parcas palavras, com o intuito de tentar perceber afinal o que se passa nestas suas atitudes.
Poderia tentar percebê-las através de um qualquer ato heroico, qual Dom Sebastião que surge do meio de um nevoeiro matinal. Mas por mais que tentasse desenhá-lo nesse feito, ele acabava sempre por se desmoronar. Porquê? Porque atos verdadeiramente notáveis são de quem, logo à cabeça, sabe o que está, nem que seja minimamente, a fazer.
Eu sei, eu sei, vai dizer-me que sabe o que está a fazer. Acredito, quer o poder, quer ser primeiro-ministro de Portugal, custe o que custar a este país e a este povo. Ai tem razão, sabe o que faz. Mas atos heroicos tem sempre o objectivo de realizarem o bem comum, de defenderem o bem estar geral, e aqui apenas falamos do seu bem estar e dos seus camaradas que se colam a essa sua demanda pelo poder.
Sabe Sr. Costa, sou português. Daqueles que habitam o mundo ilusório, e quase surreal de uma classe media, mas do mundo privado. Não sei se o senhor sabe que mundo é esse. A classe média do mundo privado. Eu esclareço-lhe. É aquele que, neste país à beira mar, está constitucionalmente ligado aos deveres. O dever de pagar impostos, o dever  de nunca fugir a eles, o dever de ter sempre os seus compromissos em dia, o dever de contribuir para uma segurança social falida e insustentável, o dever de lutar todos os dias pelo seu posto de trabalho, responsavelmente, para que não seja um dos escolhidos a fazerem parte dos desempregos deste país; sou daqueles que tem o dever de contribuir para, em suma, pagar este país. Claro que não sou o único, é verdade. Existem os do mundo publico. Todos eles tem o meu máximo respeito, os que de facto trabalham claro. Os outros, independente de tudo, não tem o meu respeito, porque não me respeitam enquanto simples empregados e não trabalhadores (haja honestidade em usar esta palavra e fazer esta distinção). Mas isso, como diz o povo, são outros rosários.
Onde eu quero chegar e falar é do senhor. Que eu saiba, o seu percurso é todo político, sem grandes, ou mesmo nenhum, contorno de trabalho sério e fora dos rounds político-partidários. Pois bem, o senhor sempre viveu dentro da redoma do partidarismo e do mundo dos direitos.
E penso ser essa ideia que detém, neste momento em que teima a todo o custo, ser primeiro-ministro de Portugal. Ok, perdeu as eleições de forma vergonhosa, foi fustigado pelo sufrágio nacional, mas ainda assim, tal Messias que só acredita em si mesmo, acha que deve, por DIREITO moral, ser aquele que pode nos tirar do lodo.
Vejamos um facto. Constitucionalmente pode constituir um governo, com maioria parlamentar? Claro que pode, se juntar o numero maioritário de deputados, independente dos partidos, pode. É legal, logo possível. Mas a pergunta que se impõe? É honesto a forma como o está a fazer? Não, e o senhor sabe-o bem.
O seu partido tem uma espinha dorsal política, económica, social e filosófica. Nela, que eu saiba, não estão inscritos nenhumas orientações marxistas, leninistas ou maoístas. As mesmas que fazem parte da espinha dorsal dos partidos com quem se quer aliar... apenas com um propósito, o de ter o poder. Ah, mas é pelo bem de Portugal? Claro, de um Portugal que não existe, ou melhor, existe apenas para os que, como o senhor, acham que só existem DIREITOS. O direito ao subsidio gratuito e irresponsável, o direito à greve gratuita... sim gratuita, porque eu questiono-o, porque é que após as eleições, e perante a forte hipótese de um governo altamente ligado aos sindicatos, deixou de haver greves nos transportes, convocações de plenários de trabalhadores, etc, etc? Foi porque o mundo virou-se do avesso e as soluções milagrosas surgiram? Não, foi porque o (des)governo dos DIREITOS está para se formar. Porque é que os lesados do BES (e com total respeito por todos aqueles que sofrem imenso com este processo), mas aqueles que tanto barulho fizeram nos últimos dias de campanha, de repente, desapareceram? Sabe me dizer...
Mas voltemos aos DIREITOS. O seu mundo, o do direito a apoios desmesurados e sem contributos, a uma segurança social que nem o senhor sabe como a vai solucionar, a um SNS totalmente gratuito e sem ninguém para o alimentar...no fundo, o seu país, aquele que deseja ser primeiro-ministro, é o do venha a mim o vosso reino, e o Costa é fixe... um velho termo muito usado pelas bandas do Rato.
O senhor está a usurpar a Democracia. Não pela legalidade constitucional, mas pela ideologia. O senhor é um usurpador ideológico. O senhor acorda com uma ideia, a meio da manhã ela já foi substituída por outra, que morre após o almoço, para a seguinte já não ter grande futuro antes do chá das cinco da tarde. Afinal, uma pergunta muito objectiva, senhor Costa, o que pretende para Portugal?
Derrotar a direita?
Acabar com o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas?
Acabar com a Austeridade que o seu partido trouxe para Portugal?
Acabar com o empobrecimento, que os seus possíveis parceiros de coligação, tanto adoram alimentar através de um empobrecimento mental e filosófico? Sim, aconselho-o a ler mais e ver os factos que a história mostra. Exemplo: subsidiar os pobres não é respeitá-los, é sim habituá-los a serem pobres. Mas afinal vocês sempre preferiram em dar a cana, pescar e comer o peixe dos pobres, não é? Pena que eles nunca repararam, senão...
Mas voltemos ao que interessa. o usurpar ideológico. O senhor defende, como aqueles que tanto desejam dominar o país desde 1974, que agora que tem uma maioria de esquerda, o povo mostrou o seu desejo de mudar o panorama político. Pois, sempre achei graça a mais um DIREITO existente neste país. O direito a ser democrata. Só o é aquele que vota no socialismo, no marxismo, na dita esquerda. Quem é de direita, liberal, etc... é facista, neo-liberal, anti-patriótico, e ilegitmo. Pena é que a sua democracia e dos seus possíveis futuros camaradas de coligaçãoo, não seja a mesma que defende o total respeito pela individualidade e pensamento de cada um.
Primeiro, e deixe-me rever alguns conceitos senhor Costa, talvez nem tenha conhecimento deles. Facista é sinónimo de radical. Seja de direita ou de esquerda. Ponto final. Neo-liberal é sinónimo de liberdade, de um Estado mais magro, de mais economia de mercado, de mais liberdades e responsabilidades individuais, de uma equidade entre direitos e deveres... deixe-me ver...não, Portugal nunca chegou ai, então nunca tivemos um governo neo-liberal, nem nada parecido...e depois legitimidade de governar...pois goste-se ou não, o partido que tem maior representação parlamentar é o PSD, logo é ele que deve formar governo. Ponto final. Afinal, pergunto, que mal tem a direita, ou a suposta direita, em Portugal? Porque deseja assim tanto derrubá-la, a todo o custo? Sendo ela até, ideologicamente, muito parecida com a ideologia defendida pelo seu partido? Penso que o PSD está mais próximo do PS do que do próprio CDS...porque este ultimo nem é carne nem é peixe, é Portas, que não dá em nada no fundo... assim como Catarinas e os demais Jerónimos, quais cavaleiros demagógicos de um País, um Estado, um Direito.
Afinal o que quer o senhor para Portugal? É que escuto as suas palavras, as suas oratórias, e nunca ouvi o senhor explicar de facto, o que deseja para Portugal, enquanto país? Só ouço falar na direita, na direita, na direita. Ah, e em Estado, em Estado, em Estado... mas o país é muito mais do a direita e o Estado. O país são as pessoas que contam o seu dinheiro todos os dias, são as pessoas que acordam muito cedo e muito tarde se deitam, são as pessoas que procuram vidas melhores, pessoas que pensam, sonham, tentam ser inovadoras, procuram o saber, trabalham, são honestas...que merecem todo o respeito da parte daqueles que pensam que a vida afinal é um rol de DIREITOS.
Pois termino dizendo-lhe um direito e um dever.
DIREITO: pensar.
DEVER: a ser sério, honesto e ideologicamente verdadeiro.
Por isso, senhor Costa, defina-se, que a paciência não deve deveres ao direito da usurpação.

P.S... já agora leve meia dúzia de notas para a leitura do seu serão...

Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.

A história repete-se, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa.


As ideias são muito mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que os nossos inimigos tenham armas, porque deveríamos permitir que tenham ideias?
Josef Estaline


E agora...

Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela.
J. B. Shaw

O maior mal do mundo não é a pobreza dos desafortunados, mas a inconsciência dos privilegiados.
Padre Lebret

 O país onde o comércio é mais livre será sempre o mais rico e próspero, guardadas as proporções.
Voltaire






quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Socialismo como inimigo do povo.

Então hoje gostava de trazer à reflexão um espantoso texto de Jesús Huerta de Soto, professor de economia. Sobre o socialismo. Penso ser bastante oportuno, visto estarmos perante alguns paradigmas de formação de um novo governo no nosso país. E como anda tudo a defender que temos de mudar, mudar, mudar…então vamos aos factos.
Nota. Este texto está escrito em brasileiro, pois foi retirado de um site da Fundação E. Mises.
O texto é longo, mas vale a pena reflector sobre alguns pontos essenciais.
“Não há nada mais prático do que uma boa teoria.
Por isso, proponho-me a explicar em termos teóricos o que é o socialismo e por que ele não apenas é um erro intelectual, como também é uma impossibilidade científica. Mostrarei por que ele se desmoronou — ao menos o socialismo real — e por que o socialismo que segue existindo na forma de intervencionismo econômico nos países ocidentais é o principal culpado pelas tensões e conflitos de que padece o mundo atual.
Ainda estamos vivendo em um mundo essencialmente socialista, não obstante a queda do Muro de Berlim; e continuamos tolerando os efeitos que, segundo a teoria, são próprios da intervenção do estado sobre a vida social.
Para definir o socialismo, é necessário antes entendermos o conceito de "função empresarial". Os teóricos da economia dizem que a função empresarial é uma capacidade inata do ser humano. Não estamos nos referindo aqui ao empresário típico que leva adiante um empreendimento. Estamos nos referindo, isso sim, à capacidade inata que todo ser humano tem de descobrir, criar, tomar conhecimento das oportunidades de lucro que surgem ao seu redor e atuar de modo a se aproveitar das mesmas.
Com efeito, etimologicamente, a palavra 'empresário' evoca o descobridor, alguém que percebe algo e aproveita a oportunidade. Em termos mais figurativos, seria a lâmpada que se acende.
A função empresarial é a mais essencial das capacidades do ser humano. Essa capacidade de criar e de descobrir coisas é o que, por natureza, mais nos distingue dos animais. Neste sentido geral, o ser humano, mais do que um homo sapiens é um homo empresario.
Quem seria, portanto, um empresário? Não se trata apenas de Henry Ford ou de Bill Gates, que sem dúvida alguma são grandes empresários no âmbito comercial e econômico. Um empresário é toda e qualquer pessoa que tenha uma visão criativa, uma visão revolucionária. Madre Teresa de Calcutá, por exemplo. Sua missão era ajudar aos mais necessitados, e ela buscava fazer isso de forma criativa, unindo voluntários e canalizando os desejos de todos para o seu objetivo. Por isso, Teresa de Calcutá foi um exemplo paradigmático de empresário.
Portanto, entendamos a função empresarial como sendo a mais íntima característica de nossa natureza como seres humanos, a característica que explica o surgimento da sociedade e o seu desenvolvimento como uma extremamente complicada rede de interações. A sociedade é formada por inúmeras relações de interação e troca entre indivíduos, relações estas que são empreendidas porque, de alguma forma, imaginamos que estaremos melhor após elas. Todas estas relações são impulsionadas por nosso espírito empresarial.
Todo ato empresarial produz uma sequência de três etapas.
A primeira consiste na criação da informação: quando um empresário descobre ou cria uma ideia nova; quando ele gera em sua mente uma informação que antes não existia.
Para colocar essa descoberta em prática, ele parte para a segunda etapa, que é quando ele combina recursos para satisfazer necessidades. Se, de um lado, ele percebe que há um recurso barato e mal aproveitado, e, do outro, ele descobre que há demandas que podem ser satisfeitas com este recurso, ele irá atuar de modo a coordenar este "desarranjo". Ele irá comprar barato o recurso, utilizá-lo, transformá-lo, e vendê-lo a um preço maior, satisfazendo assim a demanda que ele havia percebido.
Desta forma, a informação é transmitida a todos, o que nos leva à terceira e última etapa, que é quando os agentes econômicos, atuando de maneira descoordenada, observam, aprendem e descobrem que devem conservar e economizar melhor um determinado recurso porque alguém o está demandando.
Estes são os três planos que completam a sequência: criação de informação, transmissão de informação e, o mais importante, o efeito de coordenação gerado pelas duas etapas anteriores.
Desde o momento em que acordamos e nos levantamos da cama até o momento em que voltamos a dormir, disciplinamos nosso comportamento em função das mais distintas necessidades, em função das necessidades de pessoas que nem sequer conhecemos; e fazemos isso por iniciativa própria porque, seguindo nosso próprio interesse empresarial, sabemos que assim saímos ganhando. É importante entendermos tudo isso porque, em contraste, vejamos agora o que é o socialismo.
O socialismo deve ser definido como sendo "todo e qualquer sistema de agressão institucional e sistemática contra o livre exercício da função empresarial". O socialismo consiste em um sistema de intervenção que se impõe pela força, utilizando todos os meios coercitivos do estado.
O socialismo poderá apresentar determinados objetivos como sendo bons, mas terá de impor estes objetivos supostamente bons por meio de intervenções coercivas que provocarão distúrbios neste processo de cooperação social protagonizado pelos empresários. Sendo assim — e essa é sua principal característica —, o socialismo funciona por meio da coerção. Esta definição é muito importante porque os socialistas sempre querem ocultar sua face coerciva, a qual é a essência mais distintiva de seu sistema.
A coerção consiste em utilizar a violência para obrigar alguém a fazer algo. De um lado temos a coerção do criminoso de rua que assalta um indivíduo qualquer; de outro temos a coerção do estado, que é a coerção que caracteriza o socialismo. Quando a coerção é aleatória, não sistemática, o mercado tem, na medida do possível, seus próprios mecanismos para definir direitos de propriedade e defender-se da criminalidade.
Porém, se a coerção é sistemática e advém institucionalmente de um estado que detém todos os instrumentos do poder, a possibilidade de nos defendermos destes instrumentos e evitá-los é muito reduzida. É neste ponto que o socialismo manifesta sua realidade em toda a sua crueza.
O socialismo não deve ser definido unicamente em termos de propriedade pública ou privada dos meios de produção. Isso é um arcaísmo. A essência do socialismo é a coerção, a coerção institucional oriunda do estado, por meio da qual se pretende que um órgão planejador se encarregue de todas as tarefas supostamente necessárias para se coordenar toda uma sociedade.
A responsabilidade é retirada à força dos indivíduos — que são naturalmente os únicos responsáveis por sua função empresarial, e que almejam seus objetivos e querem alcançá-los utilizando os meios mais adequados para tal — e repassada a um órgão planejador que, "lá de cima", pretende impor por meio da coerção sua visão específica de mundo e seus objetivos particulares.”

Quero salientar já um dado…A forma de coerção do socialismo é o Estado. A força do Estado sobre as pessoas, sobre as empresas… e quero reforçar um ideia no texto… que convém reter muito bem, e façam a reflex demorada:
“(…) se a coerção é sistemática e advém institucionalmente de um estado que detém todos os instrumentos do poder, a possibilidade de nos defendermos destes instrumentos e evitá-los é muito reduzida(…)”
Aqui quero deixar desde já uma nota… sera que tivemos algum Governo verdadeiramente Liberal em Portugal? Em todos os abusos de poder do Estado estão patentes… outro dado…o da responsabilidade que é colectiva, como o autro refere “lá de cima”, onde ninguém tem culpas e toda a gente que está cá em baixo, deve pagar pelas culpas deles…
Mas seguindo em frente…

“Nesta definição de socialismo, vale enfatizar que é irrelevante se este órgão planejador foi ou não eleito democraticamente. O teorema da impossibilidade do socialismo se mantém intacto, sem nenhuma modificação, independentemente de ser democrática ou não a origem do órgão planejador que quer impor à força a coordenação de toda a sociedade.
Definido o socialismo desta maneira, expliquemos então por que ele é um erro intelectual.
O socialismo é um erro intelectual porque é impossível que o órgão planejador encarregado de exercer a coerção para coordenar a sociedade obtenha todas as informações de que necessita para fornecer um conteúdo coordenador às suas ordens. Este é o grande paradoxo do socialismo, e o seu maior problema. O planejador da economia necessita receber um fluxo ininterrupto e crescente de informação, de conhecimento e de dados para que seu impacto coercivo — a organização da sociedade — tenha algum êxito.
Mas é obviamente impossível uma mente ou mesmo várias mentes obterem e processarem todas as informações que estão dispersas na economia. As interações diárias entre milhões de indivíduos produzem uma multiplicidade de informações que são impossíveis de serem apreendidas e processadas por apenas um seleto grupo de seres humanos.(…)
A própria natureza do socialismo — que, como dito, se baseia na coerção, no impacto coercivo sobre o corpo social ou a sociedade civil — bloqueia, dificulta ou impossibilita a criação empresarial de informação, que é precisamente aquilo de que necessita o governante para dar um conteúdo coordenador às suas ordens.
Esta é a demonstração em termos científicos do motivo de o socialismo ser teoricamente impossível. É impossível o órgão planejador socialista coletar, apreender e colocar em prática todas as informações de que necessita para imprimir um conteúdo coordenador aos seus decretos. Esta é uma análise puramente objetiva e científica.
Não é necessário pensar que o problema do socialismo está no fato de que "aqueles que estão no comando são maus". Nem mesmo anjos, santos ou seres humanos genuinamente bondosos, com as melhores intenções e com os melhores conhecimentos, poderiam organizar uma sociedade de acordo com o esquema coercivo socialista. Ela seria convertida em um inferno, já que, dada a natureza do ser humano, é impossível alcançar o objetivo ou o ideal socialista.
Todas estas características do socialismo têm consequências que podemos identificar em nossa realidade cotidiana. A primeira é seu poder de encanto. Em nossa natureza mais íntima, sempre encontramos o risco de ceder ao socialismo porque seu ideal nos tenta, porque o ser humano sempre tende a se rebelar contra sua natureza. Viver em um mundo cujo futuro é incerto é algo que nos inquieta, e a possibilidade de controlar este futuro, de erradicar a incerteza, nos atrai.
Em seu livro A Arrogância Fatal, Hayek diz que, na realidade, o socialismo é a manifestação social, política e econômica do pecado original do ser humano, que é a arrogância. O ser humano sempre teve o devaneio de querer ser Deus — isto é, onisciente. Por isso, sempre, geração após geração, temos de estar em guarda contra o socialismo, continuamente vigilantes, e entender o fato de que nossa natureza é criativa, do tipo empresarial.
O socialismo não é uma simples questão de siglas, abreviações, sindicatos ou partidos políticos em determinados contextos históricos. O socialismo é uma ideia que está e sempre estará se infiltrando de maneira insidiosa em famílias, comunidades, bairros, igrejas, empresas, movimentos, partidos políticos de todas as ideologias etc. É necessário lutar continuamente contra a tentação do estatismo porque ele representa o perigo mais original que há dentro dos seres humanos, nossa maior tentação: crer que somos Deus.
O socialista acredita ser genuinamente capaz de superar o problema da impossibilidade da coleta, da apreensão e da utilização de informações dispersas, problema esse que desacredita totalmente a essência do sistema que ele defende. Por isso, o socialismo sempre decorre do pecado da soberba intelectual. Por trás de todo socialista há um arrogante, um intelectual soberbo. E isso é algo fácil de constatarmos ao nosso redor.
O socialismo não é somente um erro intelectual. É também uma força verdadeiramente antissocial, pois sua mais íntima característica consiste em violentar, em maior ou menor escala, a liberdade empresarial dos seres humanos em seu sentido criativo e coordenador. E, como é exatamente isso o que distingue os seres humanos dos outros seres vivos, o socialismo é um sistema social antinatural, contrário a tudo o que o ser humano é e aspira a ser.”
Noto…”na realidade, o socialismo é a manifestação social, política e econômica do pecado original do ser humano, que é a arrogância. O ser humano sempre teve o devaneio de querer ser Deus — isto é, onisciente”… Sabem quem é este Deus no Socialismo? O Estado. Como um Ser Superior que emana das suas entranhas infinitas quantias de dinheiro e poder economico para garantir todos os devaneios do homem…
Parece que sera isto que nos espera, mais uma vez e vezes sem conta, a tomar conta do nosso país…mas desta vez com uma diferença, se entra o PCP e o BE, vamos ter mais socialismo à séria…agora tirem as vossas conclusões…eu já tirei as minhas



domingo, 4 de outubro de 2015

As eleições

As minhas conclusões sobre a noite eleitoral são:
A derrota é do PS e de António Costa.
A Assembleia da República ganha um formato mais dividido.
Perante 4 anos de governação dura e perante um quadro económico e social desfavorável, é de notar a vitória de uma coligação que chegou a ser muitas vezes enterrada, mesmo que sem maioria absoluta.
A vitória da eleição do primeiro deputado do PAN, pela defesa de quem não tem representação.
Como sempre, ninguém perde e todos ganham, nos discursos.
Os políticos continuam a ser meras cassetes, sem terem grandes discursos de liderança.
A abstenção baixou.
E novas palavras surgem entre as redes sociais, proferidas pelos que perderam sobre os que votaram na coligação...síndrome de Estocolmo, estrupidos, burros, etc, etc...

Por isso a minha conclusão é esta:
Precisamos de crescer ainda muito enquanto democratas. Uma democracia onde ninguém acha que perde e todos ganham, não é uma democracia, mas sim uma ditadura da inconsciência.
Precisamos ainda muito crescer enquanto democratas, porque não respeitamos a opinião dos outros, mesmo que essa seja contra a nossa. O respeito é um princípio básico da democracia. Tudo o resto são meras características da dita ditadura da inconsciência.
E temos mesmo muito a crescer, porque a enxaqueca de um discurso absolutista e ultrapassado de Abril. Precisamos de ter respostas, de ter soluções e opções válidas e bem estruturadas. O regresso a um abismo não pode acontecer. Precisamos de mais honestidade intelectual e mais responsabilidade individual. Na democracia o poder está e deve estar sempre nos cidadãos.

E termino com um certo humor, mas irónico...
Desta noite tiro 3 conclusões ainda...
que amanhã tenho de ir ao médico, porque descobri que tenho um síndrome...porra as coisas estavam a correr tão bem...
Que afinal a democracia não é a vontade do povo, mas sim a vontade de alguns...e todos os outros são estupidos...
Que os poucos que ainda liam os meus textos e os meus livros vão deixar de o fazer, porque agora que faço parte dos estupidos e dos simdromaticos, não tenho futuro, porque não tenho cultura, não tenho inteligência...cultural...
Eu perdi. Eu ganhei. Eu perdi. Eu ganhei. Pronto tenho mesmo que ir ao médico....

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Eleições...que tristeza...

E domingo vamos a votos.
5 pontos, que quero considerar, para minha reflexão:
Continuamos a ter uma enorme falta de honestidade intelectual, mantendo-se o mesmo perfil do político português, perfeitamente identificado com o perfil do cidadão português. Porque? Porque o povo quer escutar promessas faraónicas, que possam inundar os seus mais profundos sonhos, de uma visão perfeita da felicidade irracional. Trocado por miúdos, as pessoas adoram que as enganem. Há uns dias um amigo dizia-me que vai votar PS porque este promete que lhe vai devolver o total dos subsídios. E eu questionava-o de como é que o PS pensa fazê-lo...a resposta foi: não me interessa como, eu quero é que ele o faça. Ora, assim torna-se fácil destruir um país. Não interessa como se obtém as coisas, o importante é tê-las. Este sempre foi um dos princípios marcantes da Gomorra Napolitana. Ainda me recordo de filmes marcantes como esse longínquo Padrinho de Copolla, onde Dom Corleone dizia a um dos seus subordinados: " Não me interessa como é que o compras, o importante é que ele nos faça o favor..." Ora, não interessa a promessa, desde que ela "compre" a consciência do povo... Mas também sido este o azimute de sempre do socialismo inconsciente...não interessa como te vou subsidiar, logo que tenhas um subsídio....Seria um sinal inteligente, se os cidadãos começassem a ler mais sobre o que cada partido ou agente político, apresenta para o país, e mais ainda, procurar saber e indagar como é que eles pretendem alcançar o que prometem. Pois de promessas está o inferno deste país cheio e vejam ao que chegamos. Sendo assim, lendo todos as propostas a eleições, sinceramente fico preocupado e triste, porque continuamos nesta senda irracional de ver as eleições como uma via de achar que o eleitor é inconsciente e sem valores...até o pode ser, mas não devia ser assim. Mantemos o mesmo espírito, até em muita dos media, em querer desvirtuar as verdades e enganar com clichês mundanos.
Logo o ponto seguinte é a falta de alternativas. Uns falam de promessas que nos levaram ao passado recente de cataclismo económico, caso do PS. Outros mantém a mesma matriz irracional e desonesta intelectualmente, achando que o Marxismo e o Socialismo puro ainda são soluções viáveis a uma sociedade dita Democrática...de facto a Coreia do Norte e a Venezuela são perfeitos exemplos disso...como o PCP e o BE...e nem falo dos partidos feitos com os cacos perdidos de um pensamento cada vez mais caviar...intelectualismo que já ultrapassa o pseudo... depois temos outros que se acham liberais e que são uma social-democracia deturpada, em que mantém abertas as vias mais socialistas e instrutoras do bloqueio ao desenvolvimento, como um eterno aumento de impostos....caso da Coligação ( apesar de querer fazer um parêntesis de que gostei nesta campanha da frontalidade que Passos adoptou quando, perante o que governou, podia se ter escondido em eleitoralismos gratuitos, mas preferiu, mesmo que muitas vezes sem ser fluido no discurso, dar o peito às balas e ir aos apertos...Portas?... Mais um exemplo dos aproveitadores). Depois temos aqueles que acham que o fim da corrupção no mundo é possível...como se os pobres algum dia irão sumir da Terra e todos passaremos a ser ricos em absoluto. Podemos e devemos ter menos corrupção? Sim, sem dúvida. Mas não se termina com um aumento das fiscalizações desmedidas, pois vivemos numa cultura do desenrasca, logo mais fiscalização mais desenrasca, mais corrupção. Depois porque não é com os discursos absolutistas de Marinho que se termina a corrupção. Ela só diminui com duas vias: mais valores, menos Estado. E já nem falo de Garcia Pereira ou da ideia de que a Monarquia podia solucionar tudo isto, ou mesmo que a defesa dos animais ou do ambiente serão solução para os problemas do país. E aqui deixo a nota importante: sou defensor dos animais, da Natureza e do seu meio, sou defensor da homossexualidade, sou defensor da paridade, sou defensor acérrimo dos direitos e Deveres iguais, assim como das oportunidades, das diferenças responsáveis... Mas simplesmente acho que isso são meras circunstâncias naturais de qualquer sociedade democrática e livre...se não é assim em Portugal? Pois aí o problema então é porque existe ainda muito trabalho a fazer até aí...é porque a árvore não se cria pela copa, mas pela raiz.
Agora o país. Ninguém fala, ou tem a coragem de o dizer, da reforma de Portugal. Da verdadeira reforma do país. Ninguém fala ou quer debater a incursão sobre a forma de reduzir ao máximo os poderes do Estado, fonte absoluta da corrupção no nosso país. Ninguém quer falar sobre a diminuição de uma máquina que traz inúmeras formas de despesismo desmesurado e de um absentismo sem limites. Ninguém aborda questões fundamentais como quais as verdadeiras responsabilidades que devem ser incutidas ao Estado e aos cidadãos. Ninguém deseja rever, no seu todo, a Constituição. Ninguém fala frontalmente de assuntos que devem ser debatidos e discutidos, sem pudores e de forma honesta, como o problema da Segurança Social, o SNS, a justiça e a educação. As únicas coisas que li foram: promessas de o Estado...que somos todos nós...dar mais dinheiro às famílias...de mais subsídios, mais obras...menos corrupção através de mais fiscalização...de uma nova moeda...de que os bancos é que são o mal disto tudo...de que o Grande Capital é o Diabo em pessoa...de que a Alemanha levou-nos pela mão a este abismo...blá blá blá blá...
Eu procuro... Uma reforma profunda do Estado. Precisamos de menos Estado e mais cidadão. Precisamos de menos Estado e mais responsabilidade individual. Precisamos de menos Estado e mais economia livre. Precisamos de menos Estado e mais iniciativa privada. Precisamos de menos Estado. Precisamos de menos Estado fiscalizador e mais Estado regulamentador. Precisamos de menos Estado, ponto. Sou a favor da privatização, de forma honesta, da maioria do tecido industrial e empresarial do Estado. TAP, IP, CTT, Transportes, etc, devem passar para privados, regulamentado pelo Estado. Sempre que tivermos monopólios ligados ao Estado, vai existir a promiscuidade abusiva dos poderes. Que nome é isto? Corrupção. Quero um Estado, verdadeiro Estado forte. Assente na estrutura cultural, fundamental para assegurar os princípios básicos de uma sociedade livre: A educação, a justiça, a segurança social e a saúde. Deve ser regulador dos impostos, mas deve deixar a economia funcionar de forma livre e responsável. Sou defensor, à muito, de um modelo liberal clássico e social. Precisamos de educar as pessoas a serem responsáveis individualmente por todos as suas acções. Subsídios devem ser dados, mas numa troca honesta de valores, entre o Estado e quem recebe o subsídio. Não pode ser uma porta aberta ao absentismo.
Por fim...uma elucidação é uma tristeza...esquerda-direita, direita-esquerda....sempre esta dicotomia....para quê?... Mises escreveu um dia:
"A terminologia usual da linguagem política é estúpida. O que é esquerda e o que é direita? Por que Hitler é de 'direita' e Stalin, seu amigo e contemporâneo, de 'esquerda'? Quem é 'reacionário' e quem é 'progressista'? Reação contra políticas pouco inteligentes não deve ser condenada. E progresso em direção ao caos não deve ser elogiado. Nada deve ser aceito apenas por ser novo, radical, e estar na moda. 'Ortodoxia' não é um mal se a doutrina em que o ortodoxo se baseia é válida. Quem é antitrabalhista, aqueles que querem rebaixar o trabalho ao nível da Rússia, ou aqueles que querem para o trabalho o padrão de vida capitalista dos Estados Unidos? Quem é 'nacionalista,' aqueles que querem colocar seu país sob os calcanhares dos Nazistas ou os que querem preservar sua independência?"
A tristeza porque vejo o panorama político-partidário igual e sem grandes saídas...que pobreza esta em continuarmos com tanta desonestidade intelectual e acima de tudo sem respeito pelo país, pelo seu nome e a sua história...que é feita de pessoas.
Termino com a pergunta que já me coloquei, fundamental : Que país desejo eu?